O filme “Blade Runner” (1982) foi  baseado no livro “Androides sonham com ovelhas elétricas?”, de Philip K. Dick. Na história – que ficou famosa na recente cultura popular- robôs fisicamente similares a pessoas reais buscam se misturar à raça humana. O que os diferenciava era a capacidade de sentir emoções. A ligação entre sentimento e humanidade estão entrelaçados tanto na literatura como no cinema. Robôs  podem ser cada vez mais inteligentes e rápidos, mas não possuem alma, aquela chama e parcela misteriosa que nos faz únicos.

A apresentação do robô Sophia – um robô sem gênero mas que se apresenta de forma feminina –  se transformou em um marco para a comunidade de inteligência artificial. Ao receber cidadania saudita, se transformou no primeiro humanoide cidadão, com direitos e até passaporte. Segundo o cientista que a apresentou a  androide usa uma pele artificial chamada Frubber, que é à base de silício, com 62 arquiteturas faciais e no pescoço. O release do lançamentro da humanoide diz que “as câmeras nos olhos permitem que ela seja capaz de reconhecer rostos e manter contato visual”. Para seus criadores isso faz com que sua aparência engane o nosso cérebro e nos faça pensar, de maneira subconsciente, que estamos lidando com outro ser humano.

A cada avanço da ciência temos uma enxurrada de questões éticas – e medos que vão sendo levantados por especialistas, acadêmicos, religiosos e pesquisadores sociais.  Podera a escolha de Sophia significar o inicio de um processo de substituição dos seres humanos nas fábricas e nos serviços ?  Em um mundo com milhões de refugiados e sem direito a cidadania garantir a uma máquina esses direitos seria absurdo e desumano ?

Na série “Westworld”, exibida pela HBO,  baseada no filme de mesmo nome lançado em 1973, humanos sao os vilões. Perguntada sobre Blade Runner e a maldade dos humanóides, Sophia diz que o entrevistador está muito impactado com o lado negativo do filme e que ela jamais nos faria mal. FIca difícil acreditar e confiar diantes de tantos cientistas que trabalham na indústria bélica, mas também há esperança do uso medicinal e terapêutico desses robôs, como companhia, ajuda nas pesquisas, auxiliares em laboratórios e em tarefas muito perigosas aos seres humanos.

Já nos acostumamos com a presença de Siri, Cortana, Google home. Estão integrados a nossa rotina e vão acumulando conhecimento sobre nossos gostos, perguntas. Sophia e sua geração de robôs poderão ser escolhas difíceis, mas com certeza estarão na pauta das relações sociais das próximas décadas.