Quando nos tornamos adultos – e conscientes das consequências dos erros – deixamos de arriscar. Equivocar-se não é criativo, mas exagerar nas limitações com medo de errar pode ser. O pior que pode acontecer a uma pessoa é estigmatizar os erros como se eles não pudessem colaborar para alcançar os objetivos, ou como se fossem sinônimo de incapacidade. Sociedades em que o erro é combatido, ou mesmo punido geralmente são grupos humanos pouco criativos, onde não há margem para inovação e teste. A busca pela perfeição – quase que mecânica – é resultado de muita pressão por eficiência e resultados.
Embora o perfeccionismo seja apontado como principal característica de grandes nomes no mundo dos negócios, foram os cientistas e pessoas que os cercaram os que puderam errar para que seus exemplos balizaram as pesquisas. Todas as grandes descobertas da ciência – como a descoberta das capacidades antibióticas do mofo, e mesmo a lâmpada – foram frutos do acaso, da insistência e sucedidos por incontáveis erros.
Estamos mantendo na maioria dos países ocidentais sistemas de educação baseados em testes e punição ao erro, forçando as pessoas ao pragmatismo e ao cálculo preciso, limitando capacidades criativas. Algumas experiências, no entanto, se destacam como escolas alternativas que usam técnicas mediadas pela arte, que abrem caminhos de compreensão afetiva e cognitivas. Muitas novas escolas surgem onde a arte surge como a grande facilitadora, o canal de comunicação entre o mundo inconsciente e o consciente. Infelizmente essas inovações estão limitadas aos países mais ricos e a suas altas classes médias. A maioria dos sistemas de educação que atingem a maior parte da população ainda trabalham métodos de testagem e repressão ao erro que podem causar não só a perda como também anular as capacidades criativas das pessoas.
Muitos pedagogos estão inspirados em movimentos como o High Scope, que tem como fundamento a aprendizagem ativa e aplicação da da Arte no ambiente dos sentidos ou ainda na pedagogia Waldorf, com base numa visão holística e ensino mais humano e na valorização do conceito de comunidade e coletivo. Há escolas experimentais que não têm manuais, nem aulas expositivas, alunos que escolhem o que estudar e quando querem ser avaliados. As notas não contam mais do que aprender e essa é um conceito fundamental para evitar a limitação da criatividade.
Que sociedade queremos formar ? Essa é a pergunta que devemos nos fazer quando criamos ou reformamos os sistemas de educação. Para ter uma geração mais criativa e menos mecânica na reprodução de ideias – e até preconceitos – será necessário reformular a forma de aprender.