Cenário: Encontro da família. Feriado. Na cozinha parte da família prepara a comida, outros – mais velhos – conversam no sofá ou varanda. A maioria dos jovens está vidrada no celular ou tablet, conversando ou “navegando” com os dedos.
Essa é a cena doméstica mais comum nos últimos tempos e resultado de um processo de acúmulo de informação tecnológica que se acelerou dos anos 80 para cá. Os “Millennials” jovens nascidos entre 1980 e 2000, também batizados de “Geração Y” já cresceram e se educaram dentro das grandes transformações comportamentais provocadas pelas mudanças e redução das dimensões geográficas causadas pela comunicação digital. Para entendê-los e conseguir se comunicar com eles é preciso entender como essas tecnologias provocam dependência e, como de certa forma, podem causar isolamento social. “É um grande desafio para educadores e para nós psicólogos estudiosos da neurociência” diz Rejane Guerreiro, diretora do BeINg NeuroCreative, um centro de estudos e aplicação avançada de ferramentas baseadas na neurociência, especialmente voltada a liderança para Millennials. “Essa geração se comunica de uma forma mais visual e prioriza rapidez e instantaniedade. A necessidade de compartilhar nas redes sociais seus momentos de sucesso e angústias lhes trazem até mesmo um sentimento de realização. “explica. Para Guerreiro é fundamental que educadores, pais e amigos entendam esse processo, já que conflitos geracionais podem ser evitados, especialmente por buscarem satisfação imediata deixando, muitas vezes de lado, aquilo que seria mais urgente e até mais benéfico a longo prazo.
É muito comum ver os filhos dos “Baby Boomers”, denominada Geração X ( nascidos entre 1960-1980) reclamarem do isolamento social dos seus filhos. Porém, de certa, forma não houve um isolamento já que as atividades online trazem também um contato com outras pessoas. Esse isolamento reflete mais diretamente para com os pais. O que há – dizem os especialistas – é a mudança da forma de se comunicar e de a não linearidade de pensamento. Os psicólogos interessados em acompanhar esse processo já até criaram uma classificação para a necessidade em ficar conectado todo o tempo. A ” Fear of Missing Out” que se explica como “ansiedade sentida por estar desconectado da internet” é uma realidade nos consultórios e centros de pesquisa.
Assustado? Ainda nem começou. Vem ai os impactos de uma nova geração, conhecida por Z, os “nativos digitais” que seguindo as características da anterior, são ainda mais ansiosos e tensos nessa relação com a conectividade. Quem sabe em um futuro bem próximo, esses pais da Geração Y também não estarão aderindo, em um compasso harmonioso, a aceitação desse tremendo avanço tecnológico e ajudem seus filhos a encontrarem o valor em não perder o hábito da priorização da comunicação com contato humano mais direto que através de eletrônicos quando possível. Sera´ esse um caminho reversivo?