Em espaços seguros – dizem os neurocientistas – nós gostamos que nos assustem. Algumas vezes essas reações nos provocam alegria e entusiasmo. Vamos entender um pouco sobre isso: O medo é uma defesa biológica e nos ajuda a sobreviver porque inibe atividades que colocariam – em tese – nossos corpos em risco. Isso nos confunde porque também, teoricamente, deveríamos não sentir nenhum prazer em sofrer sustos, praticar atividades perigosas ou até mesmo assistir filmes de terror. A existência de parques de diversões onde nossos corpos são projetados e lançados por brinquedos, ou mesmo toda essa indústria de zumbis e o sucesso do Halloween em diferentes culturas mostra que o ser humano em geral pode sentir prazer em ser assustado.
Mas como isso ocorre? Muitas substâncias contidas nos neurotransmissores que provocam felicidade e alegria são as mesmas que em diferentes combinações estão presentes nos estados de surpresa, susto e/ou expectativa, como a adrenalina. Essas substâncias provocam uma tempestade química no cérebro, causando em muitos um desejo por mais e mais sensações similares.
A resposta ao medo inicia em uma área chamada “amígdala cerebral” que provoca a liberação de hormônios que nos ajudam a enfrentar situações em busca de sobrevivência. Aceleramos a respiração, o compasso cardíaco, as pupilas se dilatam e ficamos mais rápidos e atentos.
O hipocampo e o córtex pré frontal ajudam ao cérebro a interpretar a ameaça. O medo se constrói mentalmente – assim como em outros animais – com experiências vividas. Aprendemos a “ter medo” de bruxas, monstros etc muitas vezes, não porque são feios ou fazem maldades mas porque aprendemos que eles representam ameaças a nossa integridade física.
Cada cultura desenvolve uma série de “medos” diferentes. O Halloween é uma festa norte-americana que foi ampliada com figuras da cultura pop e por isso consegue chegar a todos os continentes, já que as figuras usadas para “assustar” são retiradas de filmes e outros produtos culturais. Logicamente esses produtos foram construídos baseados em histórias milenares e reproduzidos por causa das sensações que elas provocam.
Como somos criaturas sociais aprendemos uns com os outros, assim como aprendemos o medo, o qual pode também ser um estímulo positivo. Ao estimular o medo para provocar desejadas sensações libera-se tais substâncias cerebrais podendo levar a criação de um “vicio” nessas sensações que julgam ser também prazeirosas. Nesse contexto surge legiões de admiradores de histórias de terror e claro- consumidores da indústria do medo, que inclui filmes, turismo, roupas e produtos de todo tipo.
O medo é um importante fator da nossa sobrevivência. Entendê-lo nos faz mais fortes e mais atentos.