Amor é um tema universal. A falta de amor, muito usada na literatura, na poesia, nas tragédias gregas e também modernas.  Em inglês usamos o verbo “to fall” – caímos de amor por alguém.

Também em português usávamos “fossa” para se referir ao abandono, a tristeza causada pela perda de uma relação. Na bíblia existem 16 referências a dor relacionadas ao amor, na literatura e língua, dezenas.

Em recente palestra TED ( Technology, Entertainment, Design) a autora do livro “Você pode se apaixonar de forma diferente”, Mandy Len Catron descreve como ao longo da história o amor está sempre relacionado ao sofrimento e loucura ” O amor romântico sempre teve metáforas muito sofridas, como William Shakespeare ” Amor é uma grande loucura” ou  Friedrich Nietzsche.

“Há sempre um pouco de loucura no amor” –  crazy in love — como diria Beyoncé, reforçando a ideia na cultura pop.

A psicóloga Rejane Guerreiro atende a muitos casos relacionados a dor da perda e do amor

” É possível fazer do fim de um ciclo de amor e companheirismo algo não tão doloroso, mudando a forma de encarar esse fim” afirma ao explicar que a neurociência tem estudado a capacidade do cérebro em receber de forma diferente os fatos da vida, desde que “treinado” para as mudanças.

Le Catron destaca que em muitos casos o amor pode levar a loucura – no sentido médico. Um estudo de 1999 que usou testes de sangue com pacientes mostra que os níveis de serotonina nos apaixonados é próximo a pessoas diagnosticadas com desordens compulsivas e obsessivas. – o amor é realmente “cego” e pode impedir que o parceiro veja a real pessoa, passando a ver um personagem idealizado pela sua mente.  “Quando esse efeito passa – através da convivência ou traições – a pessoa começa a perceber o outro como ele é na realidade e aí vem a dor e a separação” explica Rejane Guerreiro.

Nossas experiências de amor são ambas biológicas e culturais – existem populações mais dramáticas na representação do sofrimento – a nossa da América Latina é um exemplo, o famoso “drama de novela” – mas nós podemos nos programar para encarar o fim das relações de forma menos dolorosa. “Neurologicamente os efeitos do rompimento do amor – diz a escritora Le Catron – se assemelham a da retirada do corpo de uma substância como cocaína para um usuário e pode provocar reações violentas.

Conhecer melhor seu cérebro, suas preferências cerebrais, sua forma de ver o mundo podem ajudar ao terapeuta a entender melhor sua forma de se apaixonar e viver uma relação. “Não há uma vacina contra a paixão -ainda bem porque muitas são experiências humanas belíssimas – mas é possível minimizar os efeitos das mudanças de ciclos da vida, quando terminamos uma fase ou um amor e partimos para o futuro em busca de novas experiências e amores”, diz Guerreiro.