Envelhecer bem e com saúde é o desejo de todas as gerações. A cada uma avançamos um pouco na longevidade e graças aos avanços da medicina, estamos ampliando a expectativa de vida em muitos países para além dos oitenta anos.  No entanto, ao contrário das gerações anteriores não são mais os idosos os que detêm o conhecimento e controle da sociedade. Hoje quem controla as corporações, as mídias, os que detêm o saber tecnológico são os mais jovens e isso gerou alguns desafios e conflitos.

Em recente palestra no TED (série de seminários com notáveis, sobre tecnologia e conhecimento), o escritor Jared Diamond falou sobre o seu trabalho de pesquisa geracional, chamando a atual sociedade de “obcecada pela juventude” e destaca as dificuldades para envelhecer em uma situação em que os mais velhos são sinônimos de obsoletos, desnecessários e até empecilho ao desenvolvimento das camadas mais jovens.  Além disso, Diamond fala dessa inédita situação na história da humanidade, onde todos querem parecer mais jovens e proliferam as cirurgias plásticas, tratamentos com drogas e recursos que atenuam o envelhecimento e assim evitam a exclusão social do indivíduo.

O tema não é inédito a nós Brasileiros – um dos países com maior número de cirurgias de rejuvenescimento e onde floresce a cultura do corpo. O historiador e professor da USP Leandro Karnal já destacou isso em algumas palestras mostrando como vivemos um momento único em que os mais velhos já não são os “pajés” da tribo, não mais chamados a liderar.

Como envelhecer e enfrentar essa situação ? Ambos – o escritor norte-americano e o professor da USP são unânimes em apontar que o caminho será entender melhor onde nós – pessoas mais maduras e envelhecendo – podemos colaborar, trocando o tradicional papel de sábios, para parceiros mais experientes.  Há uma nova tendência a que pessoas mais velhas sejam chamadas a cuidar dos netos, substituindo babás, outras que levam pessoas mais velhas ao serviço comunitário, ao aconselhamento de casais, coaching etc.

Nada substitui a experiência – esse seria o resumo de tantos questionamentos. E nós temos como desafio buscar um novo papel, renegociar as posições de sábios que não eram enfrentados. Hoje vivemos em uma sociedade líquida – como diz o conceito de modernidade líquida o qual foi construído pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman.

Ninguém mais tem certeza de nada e o envelhecimento não é mais garantia de virar referência ou carregar algum valor, sem questionamento.  Nossas avós – como disse Karnal – tinham certeza de tudo, sabiam onde estudar, onde trabalhar e tudo era “pra vida inteira” e nada descartável.  Hoje até as relações já não possuem essa certeza.
Saber envelhecer – na visão desses estudiosos  – será entender apenas melhor como o mundo se transformou e encontrar um novo lugar nele.