Rejeição é uma das “feridas” emocionais mais frequentes. Nos últimos anos, virou tema frequente na mídia, de títulos de livros e até filmes.  O maior sucesso do momento na TV por assinatura é justamente um caso de suicídio de adolescente causado por suposta rejeição. O filme “13 reasons Why” aborda a vida da estudante Hannah Baker (interpretada pela atriz Katherine Lengford), uma colega da escola que se suicida por treze motivos que deixa gravados em fitas distribuídas aos seus colegas.

Antes das redes sociais, nosso círculo de afetos estava muito restrito ao círculo presencial.  Hoje, o impacto das relações em ruptura foi ampliada pelas ligações em massa da sociedade em rede e devido à tecnologia, como no uso de aplicativos para encontros amorosos. Há mais de treze razões e por quês para sofrer, entre elas –  a rejeição.

O sentimento de abandono se expandiu, modificou seu alcance, mas segue uma reclamação constante nos divãs, entre para adolescentes e também adultos, chegando ao universo profissional.   Hoje estamos conectados a milhares de pessoas, somos avaliados, analisados pelas fotos que publicamos e “adicionados’ ou “bloqueados”, ampliando a sensação de aceitação ou desprezo. E podemos não saber lidar com ambas.

A Psicóloga Rejane Guerreiro, mestre em NeuroLeadership – Neurociência aplicada a liderança- percebe esse aumento na insegurança de alguns de seus clientes.  Há um aumento na necessidade de aceitação em nossa sociedade modena “É uma sensação muito comum quando o marido ou esposa deixa a relação, quando as pessoas são demitidas ou criticadas pelos seus grupo sociais devido as suas escolhas de vida”, explica, “todos se sentem hoje mais observados e portanto, mais criticáveis.

O psicólogo norte americano Guy Winch, autor do livro “Primeiros socorros emocionais: rejeição, cura, culpa, falha e outros danos diários” apresentou-se em recente conferência TED com uma explicação sobre o enfrentamento desse sentimento “Como animais sociais, precisamos nos sentir desejados e valorizados pelos vários grupos sociais com os quais somos afiliados ” A rejeição – segundo ele – desestabiliza nossa necessidade de pertencer, deixando-nos sentindo perturbados e socialmente desapegados.”

Mas como lidar com isso? Ambos psicólogos são unânimes em afirmar que nem sempre a rejeição é “pessoal” mesmo quando a encaramos de tal forma.  “A maioria das rejeições, seja romântica, profissional e até mesmo social, deve-se ao “ajuste” e circunstância.” diz Guy Winch.  Rejane Guerreiro amplia esse pensamento “Se você está em conflito é importante lembrar-se do que tem para oferecer – em oposição a listar suas deficiências”.

Para Guerreiro uma sugestão seria listar seus “pontos fortes’ e ver que no “conjunto da obra” você é uma pessoa que possui muitas virtudes e focar nas mesmas. “É importante observar que, na maioria das vezes, essa rejeição tem mais a ver com o sentimento próprio deliberado pela sua subjetividade, ou seja, a forma de perceber as circunstâncias, do que propriamente com a realidade em si”. Embora em evidência nos posts das redes, fotos e músicas, a rejeição é um dos mais conhecidos componentes do amor e da atenção não correspondida.

 
Como lidar com isso parece não ter uma fórmula mágica e vai variar de caso a caso, muitas vezes a ajuda de um profissional – um psicólogo ou coach – pode ser altamente recomendável.

Na maioria dos casos – sob acompanhamento profissional –  se torna menos doloroso superar rejeições,  reconstruir suas relações de forma mais saudável e ficar preparado para que os abandonos – comuns na vida – sejam encarados e entendidos como fatos até necessários ao crescimento como ser humano.